Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
LOST acabou semana passada. Sei que muita gente já falou sobre isso, mas quero pitacar um pouco também (blog é pra isso, né mermo?). Afinal, foram longos seis anos acompanhando uma série genial, na minha concepção, da qual sentirei muita, mas muita saudade mesmo.

Primeiro quero falar da série em si. Nem preciso me referir aprofundadamente às quebras narrativas. Todo mundo já falou disso, e achei muuuuito genial, pioneiro, original etc. Amei o clima de mistério, a construção das personagens na ilha e fora dela, os sustos, as explicações, as teorias, as horas que passei navegando lendo e me informando sobre LOST, minha ansiedade esperando para baixar os episódios, sua capacidade transmidiática, o show de atuação de seu elenco (com as exceções etc., tipo fiasco Santoro) e, principalmente, as histórias de amor, amizade, superação, heroísmo, ambiguidades, maniqueísmos e quebras dos mesmos, enfim, eu amei o caráter humaníssimo da série. Me identifiquei, sofri, chorei, fiquei pasmada algumas vezes, num entendi nada tantas outras, fiquei em êxtase quando as tramas faziam sentido, achei alguns episódios perfeitos, enfim, mais uma vez tive que berrar, ai que delícia é a cultura de massa! :)

Sobre o final, quero falar especialmente. Muita gente odiou. AMEI, AMEI, AMEI. Cada um tem o direito a achar o que quiser, é claro. Mas tem gente que num gostou meio pq num entendeu a estrutura narrativa. Não, não estavam todos mortos na ilha. O último a morrer na ilha, pelo menos aos nossos olhos de espectadores, foi Jack (cena linda!). Outros escaparam. Não sabemos o que aconteceu com eles depois, não nos foi mostrado. A história da ilha de LOST e seus estranhos mistérios (em sua maioria, ao menos) foram fechados com a morte de Jack. Finito.

Mas os roteiristas resolveram nos dar um presente. E nos deixaram assistir, de forma paralela ao que estava se desenrolando na Ilha, o que aconteceria, de forma mística, numa vida pós-morte. A gente assistiu paralelamente, algumas coisas se cruzaram paralelamente (se não, num seria LOST, né?), mas mesmo conectada com a história da ilha, aquela que víamos como paralela era, na verdade, uma história posterior à morte de todos os personagens, mas que só poderia ser vivida e percebida por eles quando o herói da série cumprisse sua missão, se sacrificasse e finalmente percebesse que a fé superava a ciência. Quando isso acontecesse, aqueles sujeitos, que eram os perdidos no mundo antes de se perderem na ilha, teriam chance de encontrarem, se reconhecerem e viverem finalmente uma vida de amor e redenção (a porta estava aberta e o Pastor Cristão - Christian Shepard - estava mostrando o caminho). Antes disso, porém, enquanto esperavam o momento do reencontro, todos teriam tido a chance, ao menos os que estavam prontos (não é a isso que se refere Hurley quando fala que Ana Lucia ainda não poderia saber do que estava acontecendo?), de ter reescrito um pouco suas vidas, de forma a ajeitar algumas pendências da vida anterior. Quase uma limpeza de karma. :) Mais ainda, para além da metáfora da vida, uma forma de nos dizer, eles, roteiristas, que aqueles personagens não morreram também para nós, que suas histórias os transformaram e nos transformaram e que não seríamos brindados de forma acachapante com uma cena final de morte trágica do grande herói, tantas vezes chato, tantos vezes cético, mas tão retrato de nós todos, sem um abrandamento deste baque através de uma cena com todos se encontrando, se reconhecendo, se abraçando.

Místico? Cristão demais? Cafona? Pode ser tudo isso. Mas confesso que me tocou. Talvez pela minha fase de transformação, fico grata pelas metáforas ficcionais que falam de possibilidade de superação e recomeço, pela idéia de que as coisas não morrem mas se recriam, que nos lembram que é do encontro que nasce a mudança, de que as coisas idas não precisam ser findas e de que o amor é a tal da fonte de luz, o que faz de uma ilha perdida uma analogia com a vida da gente, suas perdas, mistérios, recuos, mortes e desrazões, mas sempre uma história que valeu a pena ser contada e ser vivida.

Para quem quiser mais coments, inclusive mais aprofundados sb a série e sb o final, recomendo as análise do Dude, we are Lost e as análises perfeitas do Leonardo "Jerry" em todos os tópicos de análise de episódios do fórum da comunidade Lost Brasil, no orkut.
4 Responses
  1. Flora Daemon Says:

    ótimo post! ótimos seis anos de série e transformações!
    beijos!!!


  2. Diego Dacal Says:

    Gostei muito do post também.
    Mas não consegui concordar com tudo! hehe Pra falar a verdade ainda não digeri muito o final como um todo. Eu converso, debato e não chego a lugar nenhum, nem a um juizo de valor concreto. :(
    Mas com certeza foi o melhor seriado que já vi, por isso foi o único que fui até o final e vi todos os episodios!


  3. Lu Ribeiro Says:

    adorei o post, Colega, mas num vi a série...rs... tentei assistir um episódio uma vez na terceira temporada mas aí já era tarde, decidi esperar acabar e alugar os dvds. Mas independente de ter assistido o paralelo q vc explicou é bem interessante, o q eu mais gosto nas séries é a construção dos personagens como eles mudam ao longo do tempo e como são capazes de lá na quarta temporada repetir o mesmo erro do início da série, gosto de analisar como por medo, amor, impulso ou raiva eles nem sempre evoluem e nem sempre são 100% bonzinhos ou malvados. Enfim, os roteiristas me conquistam qd criam personagens tão iguais a nós mesmos...adoro!!! bjs


  4. Lu Ribeiro Says:

    finalmente, assisti TUDO. De uma tacada só, o que facilita muito o entendimento. Nem lembrava mais o q vc tinha escrito, por isso, voltei correndo pra ler. AMEI tudo! Na minha humilde concepção a série não é sobre ficção científica ou coisa do tipo, é sobre pessoas, relações humanas e, talvez por isso, o final tenha desagradado algumas pessoas. Quanto a realidade deles no pós-morte, acho que rolou uma vibe do tipo 'realização do maior desejo", acho que é a isso que Heloise se refere qd diz pro Desmond parar de procurar e fala "vc já tem o que mais queria, a aprovação de Wildmore." E nesse aspecto, o limbo não é o paraíso, não é perfeito, pra ter a aprovação do Wildmore ele nem mesmo conheceu a Penny. Locke tinha Helen, mas era responsável pela vida vegetativa do pai, Sayd tinha Nadia viva mas não vivia com ela... enfim, adorei! bj

    P.S.: Jacob pra mim é um grande FDP!